quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Na banheira e Cleópatra

Deixei o Richard Burton na banheira de Cleópatra
Aquela boca de pecado subverteu a Liz
Agora rolam por aí
Na fabriqueta de nuvens
Enquanto isto brinquemos
Tu és Antônio
Em cujos braços Roma descansa
D’ eterno tédio

Namoradeira

Namoradeira
Eu tenho um namorado
Sim, e agora, você vai fazer o quê
Rolar ladeira abaixo
Me empurrar no precipício
Me afogar num riacho
Eu tenho um namorado
E com ele vivo de mãos dadas
De emoções atadas
E você, que vai fazer
Com folhas de cansanção vai me bater
Sem meu namorado nem vejo a lua
Fico triste falando sozinha
No meio da rua
Meu namorado é motivo
De todo o meu querer
Meu pai não pode saber
E a Deus eu imploro
Sem ele eu choro
Sem esse namorado
Não sei viver

Quem, inocente, sentiu no antebraço
O pulso de um coronel
Sabe quanto é boa a democracia
Imagina que ruim é o quartel
Bebo versos n’outros versos
Nest’ora eu também diria:

Nesta vida aqui na terra
Há dois mestres-bateria
Ora regem a tristeza
Ora regem a alegria
Pobre e cega mariposa
De beijos em carmim lambuzados
Sentindo-se da flor esposa
Beijou nos lábios errados
Luiza luz
Conduzindo da Imperatriz
A bateria
Rainha
Enche de cor
A Avenida
Das estrelas
Luzidio colar
Pedraria
Encanta o Rio
Eu não sei como resistir
Ao que faz eriçar da poesia os pelos
E a lança nos desmazelos
Dos versos boêmios
De contornar as bordas da taça
E de segurar-lhe com tamanha força o pedestal
Para dizer em silêncio
De como é bom embriagar-se de vida
De como é bom envolver-se na música
Retomar pontos abandonados
E sentir a morte oferecer
Os lábios do supremo
E inexplicável gozo que há na matéria